Birra: esse comportamento faz parte da vida de todas as crianças.

Lidar com a birra não é fácil. No entanto é possível contornar a crise.
crianca-birra-1447246917980_615x470
                 Birra é bastante comum entre os dois e quatro anos e acontece porque as crianças estão experimentando sentimentos desagradáveis como a frustração diante de um NÃO e por não saberem lidar acabam explodindo sua raiva, além de ser nesta idade que começam testar os limites dos pais. Em algumas crianças pode ser bem mais precoce e começar já aos seis meses e em outras se alongar até próximo aos seis anos. Vai depender muito do modo como a família lidar com a situação e também da personalidade de cada um.
               No momento da explosão, geralmente, choram de forma incontrolável, esperneiam, gritam, se jogam no chão e não raras vezes fica difícil de contê-las. No entanto, o mais complicado é identificar se isto está acontecendo como um pedido de ajuda para lidar com novos sentimentos como a frustração ou se estão testando os pais para descobrir até onde podem chegar.

13

Quando os primeiros sinais surgirem é bom estar preparado para agir, levando em conta a idade de cada criança.

  • As crianças menores têm um vocabulário limitado para expressar seus sentimentos e podem usar a própria birra para expressar o que ainda não conseguem dizer em palavras.
  • Enquanto bem pequenos, até mais ou menos dois anos, em situações de birra, desviar a atenção para outra coisa, mudar de ambiente, propor uma brincadeira para distraí-las do desencadeador da birra pode ser uma boa saída. Não dar atenção à birra deixa a criança insegura, ela quer que a birra seja vista, ter plateia, se não houver ela certamente irá desistir. Falar menos e agir mais, pois, até em torno dos cinco anos, a criança não consegue manter a concentração nas palavras por mais de 30 segundos.
  • Não adianta querer punir crianças com menos de dois anos. Elas não têm maturidade suficiente para perceber que fizeram uma coisa errada, muito menos que estão pagando por isso. Mas, por exemplo, se ela joga um brinquedo no chão ou em alguém e você tirar o brinquedo, já pode ser um castigo para ela.
  • Abraçar firme pode ajudar muito a criança a se acalmar e de preferência sem falar Logo em seguida é interessante observar se a criança não está cansada, com fome ou sono, pois, são estes os grandes desencadeadores das birras. Lembrando que crianças precisam e gostam de rotina, saber o que vai acontecer, o que podem e o que não podem fazer. Sentem-se seguras e cuidadas.
  • Tudo deve ser dito na linguagem que as crianças entendam e sempre conversar com as mesmas baixando até a altura delas, usando um tom de voz tranquilo que lhe passe confiança. Desta forma vai perceber que a birra não está lhe atingindo e isso também vai ajudar você a manter a cabeça no lugar. Tente descobrir o que está incomodando. Se sua voz estiver alterada, o efeito será o inverso.

11

  • Não aceitar os apelos das crianças e manter a palavra, pois ceder e deixar a birra passar como se não fosse nada demais é um erro grave, as crianças podem ficar cada vez mais autoritárias, percebendo que a birra é uma maneira de sempre se conseguir o que quer ao invés de começar entender que nem sempre terá o que deseja, quando deseja e que sua insistência não será aceita.
  • É importante saber a importância de falar NÃO, quando for necessário, mostrar quem coloca as regras, para que as crianças percebam que não terão tudo sempre à mão quando pedirem. E justamente por seus bons efeitos, a palavrinha NÃO, não deve ser desperdiçada em situações completamente desnecessárias, pois, perde a força, irrita e leva a mais desobediência. Crianças que nunca são contrariadas acabam se tornando adultos irritados, agressivos e até infelizes.
  • Crianças que já compreendem “negociações” devem participar da estipulação de castigos caso não obedeçam às regras ou combinados. Para ser educativo, as crianças precisam entender a relação entre o seu ato e a consequência. A punição deve acontecer no mesmo momento, pois nesta fase ainda não conseguem pensar à longo prazo, ou seja, depois de algum tempo, não sabem o porquê estão sendo castigados, esqueceram da birra e da importância que demos a ela.
  • Comparar a atitude delas com a de outras pessoas ao redor pode ajudá-las, é uma maneira de fazê-las observar como as pessoas se comportam, já que este é um período egocêntrico, onde ela só consegue ver a si mesma.
  • Não insista em conversar durante o ataque de birra, pois nesta hora elas estarão focadas na frustração e, provavelmente, não irão ouvir o que está sendo dito. Conversar mais tarde será bem mais produtivo.
  • Explicar o que a criança está sentindo, dar nome ao que ela está passando, dizer o quanto a compreende pode ajudá-la a se controlar. Precisam aprender a identificar o que está acontecendo e nomear seus sentimentos.
  • Valorizar e reforçar positivamente os bons comportamentos que vierem a apresentar após um episódio de birra ajuda a prevenir outro. Incentivar a criança a ajudar nas tarefas que consegue, faz com que se sinta útil e afasta a irritação. As crianças devem ser educadas para saber que birra não é a solução de problemas.
  • Mantenha a calma, os adultos são modelos para as crianças.
  • Quando perceber que ela se acalmou, dê um abraço bem gostoso para mostrar a ela que está tudo bem!

12

  • Caso seu filho ultrapasse os seis anos ainda tendo ataques de birra constantes, é melhor procurar a ajuda de um especialista. Pode ser que ele esteja sofrendo com algum problema ou acontecimento recente. Essa é uma das formas das crianças pedirem socorro.

 

Sobre Maria Leatrice Bittencourt

Maria Leatrice Bittencourt, CRP/RS 07 26340 é licenciada em Psicologia e pós graduada em Orientação Educacional e Psicopedagogia pela Universidade de Passo Fundo (UPF). Também possui bacharelado em Psicologia, pela Faculdade Meridional (IMED).

Atuou como Orientadora Educacional (Secretaria Municipal de Educação de Passo Fundo e Secretaria Estadual de Educação do Rio Grande do Sul),

Trabalha com psicoterapia e psicopedagogia (infantil, adulto e idoso)

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *